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2º Ato de 2016

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. Ontem fui invadida por diversos pensamentos .

Num primeiro momento, chegando ao ato, um moço tinha quase sido preso por estar todo de preto e ter encarado os PMs, um cordão de PMs de um lado, uma porção de manifestantes, um caminhão de 25 milhões do choque, umas dezenas de P2 dentro da concentração.

1º pensamento – Vai dar merda.

Num segundo momento, a PM estava fazendo as pessoas darem a volta na Haddock Lobo para entrar na concentração, assim o direito de ir e vir já estava um pouco mais inexistente.

2º pensamento – Vai dar merda.

As bandeiras de movimentos sociais estavam levantadas, as baterias estavam mais que aquecidas. O ato estava se preparando para sair. Começou uma movimentação estranha com câmeras apostos. Era uma possível truculência inicial.

3º pensamento – Vai dar merda.

O ato começava andar, timidamente, parou. Fomos procurar um banheiro. Deu 2 minutos de sair do ato e conseguir chegar em um lugar menos cheio, a primeira bomba foi lançada.

4º pensamento – Vai dar merda!

As próximas 20 bombas foram lançadas, o lugar que estava vazio, começou a ser invadido por pessoas, que estavam tentando se proteger. A polícia estava encurralando o pessoal, era irrespirável. As pessoas estavam chorando, vinagres estavam sendo compartilhados, os olhos estavam vermelhos. Ardia, mas ardia ainda mais por dentro, por não ter acontecido nada. O ATO ESTAVA PACÍFICO, NO INÍCIO.

5º pensamento – Que cidade é essa?

Deu uma pausa, nas bombas, avistamos um prédio que estava sendo ocupado pelas pessoas, decidimos atravessar a paulista correndo até ele. De um lado estava o choque, do outro os PMs munidos de lançadores de bombas. Não dava para virar o rosto, só seguir.

6º pensamento – Estamos em um Estado de Exceção!

Quando entramos no prédio, me senti dentro de uma estufa de gás lacrimogênio, de gás de pimenta, de medo, de ódio. A solidariedade era natural, estávamos ali para nos protegermos de algo que está a serviço do medo. Era insuportável. A sensação de não possuir ar para respirar é uma das coisas mais aflitivas que tem.

7º pensamento – PRECISO DE AR!

Subimos até onde dava para respirar. Alguém disse que estavam tentando entrar no prédio.

8º pensamento – Manter a ficha limpa para concurso está a cada dia mais difícil.

Disseram que estava tranquilo, que dava pra sair. Saímos. Quando olhamos para frente, eram centenas de pessoas saindo dos prédios de mãos para o alto. Em fila indiana.

9º pensamento – NÃO SOMOS CRIMINOSOS!

Diversos gritos de “ABAIXA A MÃO” vinham, mas rostos brancos de magnésia, com olhos arregalados não conseguiam abaixá-las. Talvez fosse a primeira vez deles, talvez ninguém estivesse acreditando muito bem naquilo tudo. Era osmose.

10º pensamento – O que está crescendo dentro de todas essas pessoas?

Descemos a consolação, passamos por uma menina ensanguentada nos chão, com paramédicos ajudando ela. Diversas pessoas no entorno, olhando. A PM voltando a sua formação em fila, marchando. Nós continuamos descendo.

11º pensamento – Qual será a próxima?

Era uma legião de pessoas descendo a consolação, quase que mudas. Preocupadas com os que deixaram pra trás, se deparando com todas as ruas fechadas pela tropa de choque. Era tão nublado, tão nublado e fúnebre. Era uma espécie de morte pra democracia. Era alguma coisa que começava a fermentar.

12º pensamento – Que nome se dá para tudo isso?

Se ouvem bombas no começo da consolação com a paulista, as pessoas correm. As motos começam a descer a milhão. Parecia que não ia ter fim. O começo da legião decide entrar nas ruas do Higienópolis. Começam a descer dezenas de carros da tática. Eles iam ser encurralados dentro do bairro, ninguém ia conseguir sair!

13º pensamento – Vão começar a perseguição!

Passamos por um bar, onde o Cidade Alerta estava mostrando tudo. Um Rocam atropela um garoto para prendê-lo. Eram pequenos grupos correndo como se não houvesse amanhã. Era uma nova tática, dentre todas as outras de destruir a democracia.

14º pensamento – A que ponto eles chegaram?

Eu sei que o ponto que se chegou ontem, mostrou que há a necessidade de colocarmos em evidência tudo o que aconteceu. Foram tantas as formas de repressão. Foi um estado de medo constante. Eram tantas pessoas em pânico. Mas o que mais deixou em pânico foi a pouca quantidade de pessoas nas ruas.
CADÊ A POPULAÇÃO que quer melhoras nessas horas?
Eu sei que depois de ontem, não há como não aparecer para fortalecer os atos. Porque se estão pensando que o medo vai vencer, a gente vai com medo mesmo.
É muito mais do que 80 centavos desde 2013, é sobre os nossos direitos democráticos, sobre uma população inteira que está apática, e que não experimentou o poder da rua ainda.
Quem está com medo de verdade são eles. Medo das mais de 200 ocupações das escolas, medo dos jovens que não tão com medo de perder, medo que 2013 se repita, medo deles perceberem que estão realmente do lado errado.
Eles estavam vociferando, e não acho que vá fazer sentido na cabeça deles pra sempre, tudo isso. Sendo o trabalho deles ou não, o trabalho ele vai danificando o homem, até que ele surta ou sucumbe.

TODA E QUALQUER PESSOA É ESSENCIAL NA LUTA.
ESSE É O VERDADEIRO DIREITO A CIDADE, não isso que falaram que estávamos tendo.
Ontem foi uma experiência que eu tenho certeza que transformou quem estava lá.

15º pensamento – Saímos transformados.

Quer desafiar, não tô entendendo.
Mexeu com a população, você vai sair perdendo.

Foto de Helio Carlos Mello, para o Jornalistas Livres.

R. T. Medrado

dear_a
Uma pergunta precisa ser respondida: Por que os brancos ficam tão revoltados quando ouvem “não”?
Caso 1
Pessoa Negra: Não me ensine sobre racismo!
Pessoa Branca: Por que não posso opinar? Essa separação só reforça o racismo! Você é racista, sabia?
Caso 2
Pessoa Negra: Esse grupo é um espaço para debater assuntos ligados à comunidade afro-brasileira, como racismo, e por motivos óbvios brancos não serão aceitos.
Pessoa branca: Por que não? Está me impedindo de participar de um grupo por ser branca(o)? Isso é segregação, sabia? Isso só reforça o racismo!
Caso 3
Pessoa Negra: Dependendo da forma que você usar certos elementos da cultura afro-brasileira pode sim ser considerando apropriação cultural.
Pessoa Branca: Como assim? Ridículo! Agora não posso mais ouvir samba nem hip hop? Você nem sabe do que esta falando, vai estudar um pouco antes de falar besteira.

cotas

Bom, eu poderia dar mais exemplos, mas esses…

Ver o post original 633 mais palavras

. necessária a leitura.

. o texto é tão sobre mim, que parece que foi escrito por mim.

. Sobre a aprovação da redução da maioridade penal tenho algumas coisas a dizer.

Vão dar uma olhada em quem aprovou isso, sério, é importante até ver o histórico dessas pessoas, porque o que elas tão fazendo com o país nesses 6 meses é de tamanha maldade, e ninguém sequer tá parando para pensar nisso, efetivamente.
Ontem, quando não aprovaram a redução, pode ser que quem é a favor ficou puto e tal, mas hoje a sensação que to tendo depois disso é de tristeza, tristeza profunda mesmo, duvido que alguém tenha sentido isso ontem. Vi muita alegria de companheiros de luta, e de um pessoal que também luta pelo direito da juventude preta,pobre e periférica.
Uma população que todos os dias é massacrada com programas sensacionalistas, que nos ultimos meses de repente só mostram crimes de menores de idade, aí dá uma sensação de impunidade, mas e os crimes da polícia? e as filas no sistema de saúde? E a greve dos professores que foi de uma importancia impar, e conseguiu ser destruida pelo Governo do Estado? Pra vocês foda-se né? Sabe porque, porque vocês não tem noção do que as pessoas tão passando, vocês não olham para o lado, vocês são narcisistas fascistas que tão destruindo tudo por causa desse individualismo que tem dilacerado os direitos brasileiros.
Vocês são INCONSTITUCIONAIS.Vocês ao invés de lutar para cumprimento do ECA, vocês vão lá e culpam NOVAMENTE a vítima real do sistema, que são os jovens. E as Jovens nisso tudo? que são marginalizadas, são refens de um cultura de estupro absurda! Que tem seus corpos, agora, mais uma vez violados pelo Estado, quem vai proteger essas jovens agora? Vocês vão conseguir lidar com o fato do estupro ser menos penalizados que antes para jovens de 16 a 17 anos e 11 meses? Vocês vão conseguir lidar com o fato da prostituição infantil ser crime somente para menores de 16 anos, abrindo mais espaço ainda para as jovens serem usadas? Vocês vão conseguir lidar com jovens indo para o cárcere que tem 70% de reincidência, ao invés de lutarem por uma melhora EFETIVA nas Fundações Casa, por exemplo, para que a reincidência de 15-20% seja zero? Vocês vão conseguir lidar com o fato de colocar jovens no cárcere sendo que são eles que são os mais mortos? Vocês vão conseguir lidar com o fato de terem servido de massa de manobra para os caras tirarem mais dinheiro da educação para por em presídios? Porque quem pagou a campanha deles também foram os caras que privatizaram em Manaus o cárcere, por exemplo. Vocês vão lidar com a manobra que eles farão para trazer em massa presídios privados, que ganham por cabeça, só importam com números e destroem cada vez mais os cidadãos? Vocês vão conseguir lidar?
Eu não consigo lidar.
Nossas jovens e nossos jovens estão morrendo. E ao invés de pensarmos soluções efetivas, cobrar do governo do Estado que façam melhorias estamos NOVAMENTE dando as costas pra esses jovens.
Vocês são horríveis. Individualistas que não pesquisam NADA para saber quais são as fontes das coisas que dizem na Tevê. São os monstros que não fazem NADA para diminuir a desigualdade no país e que reclamam do crime. São os lixos que acham que todo mundo tem que ser morto sem olhar histórico nenhum. Vocês estão alimentando um país que para progredir de novo com essa ascensão conservadora, que vai matar muita gente inocente, terá que renascer das cinzas, porque o que tão fazendo agora é atear fogo sem olhar pra trás.

. O texto se trata da primeira parte do relatório do trabalho de campo da disciplina de Geografia do Estado de São Paulo, que fora realizada pelo interior de São Paulo afim de desenvolver o processo de pensamento em relação as diversas fases do capital no estado, que permeia a não acumulação primitiva do mesmo, o que implicou no não desenvolvimento das forças produtivas para que se formasse um mercado nacional complexo, com industrias fortalecidas e com um campo produtor não somente de commodities, como será  observado nos próximos textos. 

               Quando se está inserido 24 horas por dia dentro do urbano, andando de transporte público, quase sempre cheio, quando se acostuma com os parentes vendo programas sensacionalistas onde a violência é um fator tão recorrente que para de chocar, quando a velocidade das informações é tão gritante que a fala quer sintetizar o mundo e mesmo inserido nisso tudo, é complicado perceber o quanto isso é determinante nas relações do ser para o todo.
                Isso fora percebido na segunda parada, onde com aquele jeito urbanoide e sintético de viver falou com os cortadores de cana de uma forma tão fugaz que só o silêncio deles seria possível de responder aquele espasmo de indagações das relações deles para com a terra e para com São Paulo, e assim o foi, o silêncio e as caras de vergonha. Pela primeira vez me dei conta do quanto o urbano desconhece as relações verdadeiras entre as pessoas, como se só as informações que os mesmos podem trazer importassem. Logo chegou alguém com mais tato, o professor, perguntou pausadamente cada informação que gostaria de extrair e os outros alunos foram fazendo o mesmo.
                Pegamos um grupo jovem de 18 a 20 anos, onde alguns cortavam cana pela primeira vez e outros já estavam a mais tempo, 4 anos por exemplo. Eles vieram de Pernambuco, de uma cidade chamada Araripina, onde planta-se mandioca, e vieram porque todos os anos em determinada data o proprietário das terras onde estavam vão busca-los para o corte, mas somente dos lugares onde as máquinas não conseguem ir. O combinado é terem alojamento, sem custos de transporte e alimentação e ganham por dia trabalhado. Alojados próximos a cidade de Capibariba, eles ficam de Outubro a Junho/Julho no corte e disseram que com o dinheiro arrecadado, cerca de R$1500 a R$2500 por mês, eles voltam para Pernambuco e compram carros e constroem casas e não pretendem ficar em São Paulo de forma alguma, que é o trabalho pelo trabalho. As botas com marcas do facão, a impressionante habilidade com o mesmo e a beleza do nordestino negro eram as feições deles, o que trazia um lance acolhedor por mais que fosse intimidador para eles aquela situação de ser parado por um grupo, majoritariamente branco para que fossem “estudados” o que foi a única vez na viagem que senti esse incomodo real vindo dos entrevistados. Havia uma diferença gritante social e racial naquilo, é de se pontuar.
                A primeira parada fora para nos situarmos das mudanças na paisagem, onde saímos do extremo concreto, cinza e jorrando esgoto, para um local verde, porém, habitado por uma quantidade significativa de fábricas e se formos pensar em Alphavile e lugares semelhantes, por casarões afastados dos centros das cidades. Assim, saímos de todos os pressupostos da reprodução social da cidade para então estar no meio “verde”. O que acontece foi que depois de um determinado tempo as indústrias em São Paulo começaram a diminuir suas taxas de lucratividade, o que faz parte do desenvolvimento do capital com o surgimento de novas empresas sendo seus concorrentes, por exemplo, e então para suprimir essa queda da produtividade do capital se dá a reprodução ampliada do mesmo, transformando aquele em mercado de terras somados ao “Ecoverdismo” que nada mais é que o fetichismo sobre a natureza, mas lembrando que tudo, inclusive o urbano é produto da natureza, sendo assim também o é. Esse processo aparece só como uma estrutura compensatória do caos, o que mostra o seu reducionismo ecológico, que também pode ser usado pelo capital para obter lucro com a natureza, com o “ser verde”, que é o que tem sido observado nas políticas superficiais das empresas de valorização do meio ambiente, como vemos com a Natura, por exemplo.

. b arbosando,

. “Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura.”

Dos amores mais sinceros que tive, o seu nunca me desapontou. 
Das saudades mais intensas, a sua fora sempre a que me confortou.
E engraçado dizer como podem caminhos serem tão diferentes e se encontrarem, assim como o símbolo do nosso signo, dois peixes indo em direções opostas, mas sempre se tocando, como você mesmo o dissera. 

Não sei se já cheguei a dizer o quanto o admiro.
. (e)terno, sedutor, intenso, espiritual, amante, amado e amor. E tem dentro de si um turbilhão de sentimentos e de coragens que quisera eu poder sempre (com)partilhar. 
É como se expressasse a geografia, o novo, e os princípios todos de uma vida ainda não vivida.

Te acompanho de longe, pois, com você aprendi a respeitar os espaços todos, os meus principalmente. Aprendi que solidão é paz e autoconhecimento. E que amor é uma coisa tão inexplicável em palavras que só no olhar e no abraço se expressa com maior exatidão.

Tenho você comigo. E tenho uma mesma saudade em mim. 

Por sorte você não desapareceu digitalmente em sua totalidade. 
Procuro por fotos suas, de como você vê o mundo. Me conforta. Me devolve muitas memórias de um dos momentos mais incríveis da vida, que foram aqueles 3 anos que você estava inserido no meu cotidiano, um cotidiano nosso, que a gana pela arte nos trouxe. E que só olhando suas fotos entendo o quanto me faz falta. Fui por outro caminho, onde a arte nem sempre está tão presente. Você a respira e a transpõe pro mundo, com uma beleza que só a sua delicadeza seria capaz.

Escrever em segunda pessoa sobre quem amamos é um lance tão visceral que por vezes me segurei para não transbordar para o mundo essas sensações todas. Guardo-as comigo, pois é justo que só as transborde na sua presença, que tem sido cada vez mais rara e essencial.
 
Que continuemos eternizando os momentos que vivemos, e semeando essas vivências pelo mundo. Inclusive, queria que o mundo todo o conhecesse, e que seja pela tua arte.
Um amigo meu diz que ‘quando a arte fala por nós, não necessita de discurso’, e tenho aprendido o quanto isso tem poder e significado quando são pessoas de bom coração a fazê-la.

“Amor de índio” na voz de Bethânia, pois não há outra voz que me lembre tanto você:

“Tudo o que move é sagrado,

No inverno te proteger, 
no verão sair pra pescar, 
no outono te conhecer, 
primavera puder gostar,
no estio me derreter,
pra na chuva dançar e andar junto.

Sim, todo amor é sagrado.”

               Parda sempre fora chamada de preta pelo avô, chamada de moreninha na rua, e chamada de feijão no colégio burguês. Parda disse a seu pai que não queria ser negra, aquilo doía, ela nem entendia muito o porquê, mas doía. Logo, negou. E ser Parda depois de um tempo, não parecia um problema. Falavam de sua cor como ‘olha que cor bonita’, mas Parda tinha também os cabelos lisos e os traços finos, então a cor bonita sempre vinha acompanhada dos cabelos e traços lindos– Aí que narizinho lindo. Por essa razão se manteve Parda, achando que era aquilo mesmo que ela deveria ser.
                Parda namorou quase a vida inteira com brancos, somente duas vezes com negros, mas não porque preferia, mas porque os homens negros nunca a olhavam, mas sempre pensou que fosse porque os “pretos preferem as loiras”, mas nunca parou para pensar no que aquilo significava.
                Parda entendia que cotas era justo, e que quando estudara em colégios burgueses na infância nunca, ou praticamente nunca, via Pardos, muito menos negros, e  que quando foi para uma escola do Estado, porém técnica, isso mudou fortemente. Pela primeira vez tinha mais que dois amigos negros e tantos outros Pardos, mas mesmo assim não eram os 53% da população como deveria, já que seria o “mérito” que faria ela entrar, mas lembrando que mérito só existe quando estamos equiparados, e não estamos, a porcentagem continuava baixa, mas muito melhor. Assim, ela optou por ser cotista nos vestibulares, mesmo não sabendo o que iria prestar.
                Parda em primeiro momento quis ser da comunicação. Antes de prestar vestibular, tentou um ano de marketing, mas o lance era tão perverso que não aguentou. Então, ela começou o cursinho, um cursinho também burguês, pago com o suor da mãe, o mesmo que pagou material nas escolas que não lhes cabiam no bolso, mas que sendo bolsista e com o milagre da multiplicação rolou, e nesse mesmo local a quantidade de Pardos e negros era ainda menor. Era como se terminar a escola fosse difícil, e pleitear entrar numa universidade gratuita, então… inimaginável. Parda percebeu que em muitos momentos ela não era tão parda assim.
                Quando percebeu quais eram os perfis das pessoas segundo o curso que elas prestavam, pensou que talvez não fosse comunicação, e continuou inerte, pelo menos sabia em quais mundos não gostaria de estar. E em uma aula de Geografia se apaixonou pela mesma e viu que era aquilo que procurava e somente aquilo poderia explicar e mudar vidas.
Só que Parda não entrou por cotas, ela entrou na universidade mais elitista e mais racista do país e foi naquele momento que ela percebeu que Parda não existia, só existia a Preta que ela negou durante todo um trajeto de vida, negou até quando não dava mais, até quando percebeu que era essencial se descobrir Preta.
                Ser Preta respondeu muitas de suas aflições, as dos relacionamentos que pareciam sempre superficiais para boa parte dos brancos, contando com traições e sexo por sexo, por exemplo. Ser Preta mostrou o porquê do fetichismo sob ela e tantas outras mulheres negras, e dos homens negros querem tanto mulheres loiras, como se fosse uma ascensão, e o quanto aquilo doía. Explicou o porquê de ser seguida no shopping Higienópolis. Assim como o porquê das histórias das mulheres de sua família nunca serem parecidas com as das novelas, e que a força das mesmas vem de uma condição e não de uma escolha, e que o abandono do pai de seus filhos era praticamente premeditado. E explicava o quanto se sentia à vontade com a família de sua mãe e não tanto com a de seu pai, que além de branca era burguesa e com pensamento meritocrático. E trouxe como reflexão que negou tanto o ser Preta que quando se descobriu, quis consumir tudo ao mesmo tempo, e isso não dava, eram muitos anos, mas prazeroso demais.
                Porém, com essas descobertas todas veio a questão da mestiçagem. O que significava ser Preta com os traços finos e cabelo liso? Em primeiro momento, quando o mundo todo, ou pelo menos o movimento negro, quis que ela se descobrisse, não era nada. Mas assim que começou a frequentar os espaços de luta, a sua negritude foi posta em pauta.
                O espaço de luta fora de um feminismo negro. Ser negra é um lance tão dolorido que perceber que outras negras, mais claras, com outros traços também podem somar na luta é uma questão muito profunda, que poucas pessoas estão realmente dispostas a desconstruir. O que é compreensível. Pensar o que essa mina de cabelo liso e nariz de europeu quer vir falar, é de questionar mesmo. Mas se Preta fosse Preto, talvez não teria sido com tanto ódio a abordagem. Preta decidiu se afastar. Depois de negar durante 20 anos sua negritude, não teria ninguém nesse mundo que falaria o contrário, principalmente, porque ninguém conhece sua caminhada. E lembrando que toda  história tem de ser levada em consideração, o achismo das pessoas não podem mais feri-la, porque ser Preta foi uma libertação, e poucas coisas foram tão libertadoras como isso e o ser feminista, que são coisas que andam lado a lado, já que buscam a emancipação de uma porção de opressões, e para dar continuidade nesse processo era o melhor a fazer.
                Percebeu que por ser urgente o fortalecimento de outras minas, sendo pelo feminismo ou pela negritude, não dava para se ater a detalhes que só a feriam e feriam outras minas, porque o processo é tão longo, tão complexo e tão recente para tantas minas que seria um erro. Só que no momento e como fora abordado, o lance dilacerou o peito de uma forma que necessitou de meses para Preta escrever sobre o causo de uma forma branda. E os questionamentos sobre isso são: se valeu a pena causar toda essa dor de ambos os lados, e que a questão do gênero tem que ser levada em consideração também. Toda mina é ensinada a ver a outra como inimiga e de certa forma, é um fator determinante em qualquer luta, porque antes de mais nada, estamos lutando contra coisas ruins que aprendemos durante a vida e que custa largar.
                Tanto a Geografia, quanto o feminismo, quanto a negritude, tem mostrado onde Preta se situa dentro desse mundo, quais são seus privilégios, os porquês de algumas coisas serem tão difíceis de encarar e que tem ficado cada vez mais difícil, de acordo com o que ela tem aprendido. Mas a caminhada é infinita, pra todo mundo, tantos outros pensamentos entrarão em pauta ainda, tantas outras falas irão doer, mas se cada mina preta se fortalecer com isso para lutar no mundo a fora, já valeu.

                Como diria Actitud Maria Marta:

Quieren saber su nombre
Su nombre y misión
Quieren saber su nombre
Su nombre es Revolución”

. Ser Corinthians,

. Ser Corinthians,

Ser corinthiano, de verdade, é ver o gol de empate no celular made in China no metrô e não se conter e gritar “VAI CORINTHIANS!!!”. É ouvir no carro o jogo e ao ouvir o gol buzinar como se não houvesse fim. É ouvir o cara do metrô  gritar e ter vontade de gritar junto “AQUI É CORINTHIANS @#$$%!!!” e ao ver a quantidade de corinthianos radiantes no metro,  sorrir até chegar a lacrimejar e andar na velocidade da luz para chegar em casa, para ter o gostinho de assistir pelo menos o final.
Ser Corinthians está além do que se vê, é um sofrimento, convenhamos que são maiores os momentos de angustia, mas amor que é amor, bem amado, vem da dor, da dor da conquista, da indecisão, do quase inalcançável, isso é amor pra mais de metro! O amor do corinthiano é muito maior do que dos torcedores de outros times, ele é um amor de graça, puro e que só o Corinthians tem a capacidade de fornecer esse sentimento até mesmo em épocas de crise e sem vitórias.
Ser torcedor é só torcer, falar mal dos outros times, ‘bebemorar’ nos jogos prestando mais atenção na conversa do que no jogo, é falar mais do time dos outros do que do próprio.
Ser Corinthians é seguir como se fosse uma religião, porque quando se tem uma religião você simplesmente acredita, sem medo, sem ir todo dia à Igreja ou todo domingo na missa. Não, fé de verdade está cravada em você, e quando há oportunidade ela toma seu corpo.
Para mim, isso sim é ser Corinthians.

. “VAMO, VAMO MEU TIMÃO, VAMO MEU TIMÃO, NÃO PÁRA DE LUTAR!”

Queria ser capaz de fazer um brainstorm toda vez que eu pensasse em escrever. Porque vamos convir que escrever é difícil, exige tempo e carinho (ou não) sobre algumas questões. Tá bom, que questões? Porque fora você querer escrever você precisa partir de um norte para delimitar o sul. E não está fácil, mesmo. Vide a demora para postagem.

Algumas coisas, exercícios e pessoas, preenchem tanto o tempo da nossa mente, que é quase impossível conseguir escrever sobre alguma outra coisa.
E é engraçado que ao escrever um texto a partir do querer, você faz uma infinidade de perguntas sobre ‘ o que vou escrever agora?’.  Como podem perceber, continuo sem saber sobre o que escrever, tá aí a graça: escrever sobre nada parece render vários parágrafos, olha que maravilha!

Isso porque eu tinha colocado um título, ‘para todo o tempo do mundo’.

Podia então escrever sobre a importância que teriam os dias se eles tivessem 3 horas a mais. Porque olha, como se passa na Fuvest com apenas 24 horas por dia? Eu ainda não sei, mas vou ter que desenvolver um método para atingir tal proesa.
Então, escreveria, também, sobre o tempo que deveria realmente congelar, apenas o tempo, não os nossos corpos, porque São Paulo já não é lá uma cidade fácil de morar, então o planeta decide mudar a sensação térmica de uma semana para outra de ‘estou morrendo de calor’ para ‘vou morrer de hipotermia!’. Não tá fácil não!
Parem o tempo! Antes que ele pare o seu coração.
Isso me faz lembrar dos moradores de rua, da campanha do agasalho, dos cobertores que eu fazia quando nova no tear.
Olha só! Fui do não saber o que escrever para um monte de informação. Mas quanta informação dispersa, meu Deus. Não sei nem se deveria compartilhar isso com o mundo, mas quem nunca teve dificuldade de escrever que atire a primeira pedra! Que darei a todos um tema de redação bem querido da Fuvest, para ninguém meter o pedelho. Porque, repito, não tá fácil não!
Fácil, extremamente fácil, eram as semanas do técnico, do ensino médio e como elas passam, passam tanto que agora tenho 19 anos e ainda não sou a Joana Darc. Ó vida cruel!
Deixo-lhes com o mesmo nada do começo do texto, mas desejo de verdade que as temperaturas subam e que o céu amanhã esteja azul e límpido.